Boa tarde caro(a) leitor(a).
Em nosso meio empresarial o que já
está complicado devido ao último ano de economia fraca e desse ano de vários
ajustes fiscais e econômicos, mais uma situação vem para deixar os empresários
de cabelo em pé: a crise hídrica, no qual a ministra do meio ambiente faz um
apelo a todos da região Sudeste pela redução do consumo de água e energia, o
que poderá afetar de frente a economia. Em conjunto vem o dilema que assola os
encontros econômicos mundiais, desacelerar para não faltar no amanhã e afetar a
economia mundial, ou manter o ritmo de crescimento e não saber o que acontecerá
daqui algumas décadas, ou até mesmo anos, como vem acontecendo. Nessas horas de
dificuldade que as oportunidades voltadas ao consumo consciente poderão ajudar
a prolongar a utilização dos recursos naturais em nosso planeta.
BRASÍLIA e RIO — Em meio à crise
hídrica, que atinge os estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas
Gerais, e de fornecimento de energia no país, o governo federal fez, nesta
sexta-feira, um apelo para que a população economize. Os problemas com água e
energia levaram seis ministros a se reunirem no Palácio do Planalto para
discutir o cenário. Ao fim do encontro, a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, classificou a situação de “sensível e preocupante". No Rio de
Janeiro, onde o principal reservatório do Rio Paraíba do Sul já atingiu o
volume morto, o governador Luiz Fernando Pezão também pediu à população para
evitar o desperdício de água.
Izabella Teixeira lembrou que o nível
de chuvas no Sudeste, no ano passado, foi o pior da série histórica, iniciada
em 1930. E que, nestes primeiros dias de 2015, o nível está abaixo do de 2014.
— Temos um problema sensível,
complexo, e precisamos da colaboração de todos. Todos têm de saber poupar água,
poupar energia. É uma situação atípica. Nunca se viu no Sudeste brasileiro uma
situação tão sensível e tão preocupante — afirmou a ministra, acrescentando que
deverá ser feita uma campanha para orientar a população sobre o uso racional da
água.
A ministra lembrou que a previsão é
de chuva nos próximos dez dias no Sudeste, mas sem indicações de onde ela
ocorrerá e do potencial das precipitações. Segundo Izabella, o Palácio do
Planalto dará apoio técnico e financeiro para a realização de obras necessárias
para garantir o fornecimento de água à população.
RACIONAMENTO PODE CHEGAR A INDÚSTRIAS
Nesta sexta-feira, a situação das
represas que atendem ao Estado do Rio voltou a piorar. Em 24 horas, o nível do
Jaguari caiu de 2% para 1,93%. Em Santa Branca, oscilou de 0,65% para 0,41%,
enquanto que no Funil, de 4,15% para 3,89%. Por sua vez, o Paraibuna já opera
no volume morto. Pezão afirmou que o Rio vive uma situação sem precedentes. Por
isso, pediu a colaboração da população:
— Nunca o estado viveu um momento
como este. A população precisa ajudar. Já começamos uma campanha de orientação
para que as pessoas economizem água.
Pezão acredita que a população
responderá positivamente aos apelos, como aconteceu na década passada quando
houve racionamento de energia.
O pedido do governador, porém, ocorre
em um momento no qual a economia fluminense começa a ser atingida pela
estiagem. No Rio, a seca matou duas mil cabeças de gado em quatro meses. A
Secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento estima em R$ 10 milhões até
agora os prejuízos de 13 mil pequenos agricultores das regiões Norte e Noroeste
Fluminense, além das cidades de São Sebastião do Alto, Cantagalo e Trajano de
Moraes, na Região Serrana. O governo anunciou ainda que na segunda-feira vai
liberar R$ 30 milhões de um plano de contingência para auxiliar esses
agricultores. Os recursos, oriundos do Banco Mundial, serão aplicados em ações
como a perfuração de poços artesianos, para a água do gado e a irrigação das
lavouras.
Outros setores também enfrentam
dificuldades. Quase um terço (30,6%) das empresas fluminenses reconhecem sofrer
efeitos da escassez. Destas, metade já registra aumento no custo de produção.
Os dados estão em pesquisa realizada pela Firjan em novembro de 2014, para
mapear os efeitos da crise hídrica na economia do estado. Como a situação dos
reservatórios piorou, o atual retrato pode ser mais grave, alerta Luís Augusto
Azevedo, gerente geral de Meio Ambiente da Firjan.
E esse cenário pode ficar ainda pior.
O secretário estadual do ambiente, André Corrêa, admitiu, nesta sexta-feira,
que empresas instaladas ao longo do canal de São Francisco, na foz do Guandu,
podem ser obrigadas a racionar água para preservar o consumo humano, se a seca
perdurar por mais seis meses. Na região, estão instaladas cerca de 140
empresas, muitas de grande porte, como o Grupo Gerdau, a Thyssen-Krupp Companhia
Siderúrgica do Altântico (CSA), Furnas e a Fábrica Carioca de Catalisadores
(FCC).
Essas empresas já enfrentam problemas
hoje. A FCC vem reduzindo a captação de água com interrupções diárias de cerca
de quatro horas de duração, explica Abílio Faia, coordenador de Segurança e
Meio Ambiente da empresa. É que, com a baixa vazão, a água do mar, que chega na
montante do rio, vem em maior quantidade. Se não for possível puxar água do
canal de São Francisco, a FCC poderá recorrer ao sistema da Cedae, ao qual está
conectada. Mas, segundo Abílio, o custo seria 25 vezes maior que o da captação
direta. Além disso, as despesas da produção aumentariam em 11% .
CSA DESLOCA PONTO DE CAPTAÇÃO
A CSA, por sua vez, decidiu deslocar
o atual ponto de captação três quilômetros acima do atual. Com a crise hídrica,
já reduziu em 20% a captação de águas no canal do São Francisco, e passou a
desligar as bombas quando há aumento de salinidade.
Em entrevista ao “Bom Dia Rio”, da TV
Globo, Corrêa chegou a anunciar a criação de um plano de contingência para
enfrentar a falta de água, que poderia incluir um aumento de tarifas para os
consumidores que gastassem mais. Horas depois, o governador Pezão, porém,
afirmou o contrário: o Rio não deve enfrentar racionamento e a Cedae já
sinalizou não haver necessidade de aumentar tarifas. Corrêa, então, convocou
uma entrevista coletiva e mudou o tom.
— Hoje, no Rio não tem nenhum tipo de
racionamento. No horizonte de seis meses, pode acontecer. Mas, como a
prioridade é o abastecimento humano, se tivermos alguma dificuldade, o que não
esperamos que aconteça, as empresas localizadas no final do Guandu poderão,
sim, ter problemas de operação — admitiu o secretário.
Para tentar minimizar o impacto na
indústria, o secretário do Ambiente disse que pretende se reunir semana que vem
com diretores das companhias. Ele vai propor que as empresas reaproveitem água
de reúso da Cedae, descartada de estações de tratamento e do próprio processo
de produção de água potável do Guandu.
FIESP ESTÁ MAPEANDO SUBSOLO DE SÃO PAULO
A Federação das Indústrias de São
Paulo (Fiesp) está mapeando o subsolo paulista para identificar os locais onde
há potencial de uso de águas subterrâneas. A ideia é sugerir às indústrias a
perfuração de poços artesianos, evitando a dependência total da rede da Sabesp
e a consequente exposição a crises hídricas como a atual.
O estudo deve ficar pronto em dois
meses. Nas primeiras fases de pesquisa, a Fiesp já constatou que a vazão do
subsolo é de dez metros cúbicos por segundo. No Sistema Cantareira, que
abastece a região metropolitana da capital, a vazão hoje é de 12 metros cúbicos
por segundo.
— Poço artesiano é uma alternativa
coerente para a atual crise. Ele serve muito bem como fonte complementar de
abastecimento. O que não dá é ficar sem água — disse Nelson Pereira dos Reis,
diretor de Meio Ambiente da Fiesp.
Com o objetivo de reduzir os custos,
a entidade também quer sugerir a instalação dos poços em consórcios de
indústrias, o que também diminuiria o processo burocrático para conseguir
autorização para fazer a perfuração.
— Agora é preciso pensar no médio e
longo prazos e ter consciência de que o uso da água deve ser racional. E fazer
conglomerados de indústrias com um único poço é muito recomendável — afirmou
Reis.
Fonte: Jornal O Globo (Glauce Cavalcanti, Luiza Damé e Luiz Ernesto Magalhães)
Abraços.
Equipe
Logos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário